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Os dados disponíveis são demasiado escassos para avaliar os benefícios e os riscos da magnetoconvulsivoterapia (MCT) em pessoas com esquizofrenia.
Precisamos de mais e melhores estudos para analisar esta questão.
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma das perturbações mentais mais comuns e incapacitantes. As pessoas com esquizofrenia podem ter dificuldades em viver uma vida normal devido à doença, que pode incluir crenças distorcidas em relação à realidade, ouvir vozes criadas pelas suas próprias mentes e falta de interesse em cuidar dos outros ou de si próprias.
Porque é que isto é importante para as pessoas com esquizofrenia?
A maioria das pessoas com esquizofrenia recebe tratamento com antipsicóticos. Para as pessoas que não respondem bem aos antipsicóticos ou que pretendem recorrer a tratamentos alternativos, a electroconvulsivoterapia (ECT) pode ser uma opção eficaz e segura. Esta terapia provoca uma convulsão na pessoa anestesiada, através de correntes elétricas aplicadas no cérebro; desta forma, os sintomas psicóticos são melhorados ou reduzidos. No entanto, a ECT tem efeitos secundários como a perda de memória temporária e a confusão após os tratamentos, o que limita a sua utilização. A magnetoconvulsivoterapia (MCT) é uma das novas técnicas de estimulação cerebral não invasiva que funciona como a ECT, induzindo uma convulsão, no entanto não com correntes elétricas, mas com campos de energia magnética, o que teoricamente se associaria a um menor risco de perda de memória ou confusão após os tratamentos.
O que queríamos descobrir?
Queríamos saber se a MCT ajuda as pessoas com esquizofrenia.
Estávamos interessados em saber:
- o número de pessoas com melhoria dos sintomas;
- o número de pessoas com funções cognitivas afetadas;
- o número de pessoas com efeitos secundários clinicamente importantes.
O que fizemos?
Procurámos estudos que investigassem o efeito da MCT em comparação com quaisquer outros tratamentos para pessoas com esquizofrenia.
Comparámos e resumimos os resultados dos estudos e classificámos a nossa confiança na evidência com base em fatores como a metodologia e dimensão dos estudos.
O que descobrimos?
Resultados principais
Encontrámos um ensaio clínico aleatorizado (RCT) de curta duração com 79 adultos que satisfazia os requisitos desta revisão. O estudo comparou a MCT juntamente com os cuidados padrão com a ECT juntamente com os cuidados padrão. As nossas conclusões basearam-se em dados muito limitados. Verificámos que a MCT e a ECT podem ser comparáveis na melhoria do estado global das pessoas com esquizofrenia, bem como na melhoria global dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. A MCT aparenta causar menos défice de memória tardio e menos deterioração cognitiva e poderá melhorar a função cognitiva, em comparação com a ECT. Parece não haver diferença entre os dois grupos no que diz respeito ao abandono precoce do estudo por qualquer motivo, efeitos adversos ou ineficácia. Não podemos concluir que a MCT é útil ou segura para pessoas com esquizofrenia com base em dados limitados. Serão necessários RCTs bem desenhados para responder a esta questão.
Quão atualizada está esta evidência?
A evidência está atualizadas até 6 de março de 2022.
Traduzido por: Nádia Almeida Barradas, Especialidade de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.