Frequentemente, vários medicamentos são prescritos a pacientes idosos, o que aumenta o risco de problemas relacionados aos medicamentos e o risco de não se utilizar o medicamento conforme prescrito. Ambas as situações podem resultar em aumento de custos. Uma reavaliação sistemática e possível mudança das prescrições individuais do paciente, a fim de otimizar a terapia, é muitas vezes chamada de “revisão da farmacoterapia”. Nosso objetivo foi avaliar se tal revisão da farmacoterapia pode melhorar a saúde dos pacientes adultos. Para encontrar os estudos, pesquisamos várias bases de dados eletrônicas. Nós incluímos cinco ensaios clínicos randomizados (ECR), com um total de 1.186 participantes. Descobrimos que a revisão da farmacoterapia teve efeitos incertos sobre a morte e as reinternações hospitalares, mas pareceu reduzir os contatos com o setor de emergência. No entanto, como apenas um pequeno número de participantes foi acompanhado por um curto período de tempo, efeitos importantes do tratamento podem não ter sido avaliados. Portanto, nós sugerimos a realização de mais pesquisas antes de se implementar a revisão da farmacoterapia.
É incerto se a revisão da farmacoterapia reduz a mortalidade ou as readmissões hospitalares, mas a revisão da farmacoterapia parece reduzir os contatos com o setor de emergência. No entanto, a relação custo-efetividade dessa intervenção não é conhecida. Devido à incerteza das estimativas quanto à mortalidade e reinternações e ao curto período de seguimento, efeitos importantes do tratamento podem não ter sido avaliados. Portanto, a revisão da farmacoterapia deve ser preferencialmente realizada no contexto de ensaios clínicos. Estudos de alta qualidade, com longo período de seguimento, são necessários antes que a revisão da farmacoterapia possa ser implementada.
A farmacoterapia na população idosa é complicada por diversos fatores que aumentam o risco de problemas relacionados aos medicamentos e diminuem a adesão. O conceito de revisão da farmacoterapia é um elemento-chave na melhoria da qualidade da prescrição e na prevenção de eventos adversos relacionados aos remédios. Embora não haja uma definição amplamente aceita sobre a revisão da farmacoterapia, ela pode ser definida como uma análise sistemática da farmacoterapia de um paciente individual, que tem como objetivo avaliar e otimizar a medicação do paciente por meio de uma recomendação ou mudança direta (ou não) na prescrição. A revisão da farmacoterapia realizada em adultos hospitalizados pode levar a melhores desfechos para os pacientes.
Nós examinamos se a revisão da farmacoterapia feita por um médico, farmacêutico ou outro profissional de saúde melhora os desfechos de saúde dos pacientes adultos hospitalizados em comparação com o tratamento padrão.
Nós pesquisamos as seguintes bases de dados: The Cochrane Effective Practice and Organisation of Care (EPOC) Group's Specialised Register (Agosto de 2011); The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), The Cochrane Library 2011, Issue 8; MEDLINE (1946 até agosto de 2011); EMBASE (1980 até agosto de 2011); CINAHL (1980 até agosto de 2011); International Pharmaceutical Abstracts (1970 até agosto de 2011); e Web of Science (agosto de 2011). Além disso, nós revisamos as referências listadas nos artigos incluídos e as revisões relevantes. Também fizermos buscas nas plataformas de registros de ensaios clínicos e contatamos especialistas para identificar outros estudos publicados e não publicados. Não houve nenhuma restrição de idioma.
Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECR) sobre revisão da farmacoterapia em adultos hospitalizados. Nós excluímos os estudos de pacientes ambulatoriais e pediátricos. O nosso desfecho primário foi mortalidade por qualquer causa e os desfechos secundários incluíram a reinternação hospitalar, os contatos com o setor de emergência e os eventos adversos a medicamentos.
Os dois autores da revisão, de modo independente, selecionaram os estudos, extraíram os dados e avaliaram o risco de viés. Nós contatamos os autores dos estudos para esclarecimento sobre os dados e para dados adicionais não publicados. Calculamos o risco relativo para dados dicotômicos e diferença entre médias para dados contínuos (com intervalo de confiançade 95%, 95% CI).
Identificamos 4.647 referências e incluímos cinco estudos (1.186 participantes). O seguimento variou de 30 dias a um ano. Não encontramos nenhuma evidência de efeito na mortalidade por qualquer causa (razão de risco, RR, 0,98; 95% CI 0,78-1,23) e reinternações hospitalares (RR 1,01; 95% CI 0,88-1,16), mas verificamos redução relativa de 36% nos contatos como setor de emergência (RR 0,64; 95% CI 0,46-0,89).
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Machline Paim Paganella)