O método McKenzie é efetivo para o tratamento de dor lombar (sub)aguda inespecífica?

Mensagens-chave

O método McKenzie pode resultar em pouco ou nenhum benefício em relação à dor e à incapacidade em pessoas com dor lombar (sub)aguda inespecífica no curto prazo (próximo a duas semanas) e no médio prazo (próximo a três meses). O método McKenzie não é um tratamento efetivo para dor lombar (sub)aguda inespecífica. Não sabemos se o método McKenzie causa algum efeito colateral, pois nenhum dos estudos incluídos nesta revisão mediu qualquer efeito colateral.

O que é dor lombar (sub)aguda inespecífica?

A dor lombar inespecífica é o tipo mais comum de dor nas costas e consiste em dor ou desconforto na região lombar que não é causado por uma doença ou problema identificável (por exemplo, fratura, câncer, infecção, dor na raiz nervosa etc.). A dor lombar inespecífica é considerada (sub)aguda quando dura até 12 semanas.

O que é o método McKenzie?

O método McKenzie é um tratamento aplicado por profissionais de saúde treinados (geralmente fisioterapeutas) para o tratamento de pessoas com dor lombar inespecífica. Compreende um programa individualizado de exercícios com base em pistas clínicas (alterações na localização da dor ou restrição de movimentos), observados durante a avaliação. Também inclui o ensino de posturas e exercícios domiciliares para incentivar as pessoas a controlar seus sintomas por conta própria.

O que queríamos saber?

Queríamos descobrir se o método McKenzie é efetivo para pessoas com dor lombar (sub)aguda inespecífica.

O que fizemos?

Buscamos estudos que analisaram o método McKenzie em comparação com uma intervenção mínima (por exemplo, um pequeno folheto com informações sobre dor na coluna) (comparação principal) ou outros tratamentos para dor lombar (sub)aguda inespecífica. Estávamos interessados em saber se o método McKenzie poderia reduzir a dor e a incapacidade no curto prazo (próximo a duas semanas) e no médio prazo (próximo a três meses). Comparamos e resumimos os resultados dos estudos e classificamos nossa confiança nas evidências com base em fatores como métodos e tamanho dos estudos.

O que encontramos?

Encontramos cinco estudos com o total de 536 pessoas. Dois estudos compararam o método McKenzie a uma intervenção mínima, três o compararam à terapia manual (ou seja, terapia hands-on fornecida por um clínico) e um o comparou a outras intervenções (massagem nas costas e aconselhamento). Todos os cinco estudos foram realizados em países de alta renda (três nos EUA, um na Austrália e um na Escócia). Três deles foram financiados por fontes não comerciais e dois não forneceram informações sobre as fontes de financiamento.

Nossa principal comparação entre o método McKenzie e a intervenção mínima revelou que o método McKenzie pode resultar em uma leve redução da dor e da incapacidade (escala de 0 a 100 pontos, escores mais baixos significam menos dor e menos incapacidade):

- Dor: melhorou 7,30 pontos (12,04 melhor para 2,56 melhor) no curto prazo (2 estudos, 328 participantes); e melhorou 5,00 pontos (14,29 melhor para 4,29 pior) e no médio prazo (1 estudo, 180 participantes).
- Incapacidade: melhorou 2,74 pontos (7,52 melhor para 2,04 pior) no curto prazo (2 ensaios, 328 participantes); e melhorou 0,87 pontos (7,31 melhor para 5,57 pior) no médio prazo (1 estudo, 180 participantes).

Nossa segunda comparação entre o método McKenzie e a terapia manual revelou que o método McKenzie pode não reduzir a dor ou a incapacidade (escala de 0 a 100 pontos, escores mais baixos significam menos dor e menos incapacidade):

- Dor: melhorou 8,67 pontos (27,37 melhor para 10,02 pior) no curto prazo (3 estudo, 298 participantes); e piorou em 7,00 pontos (0,70 pior para 13,30 pior) no médio prazo (1 estudo, 235 participantes).
- Incapacidade : melhorou 4,98 pontos (15,00 melhor para 5,04 pior) no curto prazo (3 estudos, 298 participantes); e piorou 4,30 pontos (0,72 melhor para 9,32 pior) no médio prazo (1 estudo, 235 participantes).

Nossa terceira comparação do método McKenzie versus outras intervenções (massagem nas costas e aconselhamento) constatou que o método McKenzie pode não reduzir a incapacidade (escala de 0 a 100 pontos, escores mais baixos significam menos incapacidade):

- Incapacidade: piora em 4,00 pontos (15,44 melhor para 23,44 pior) no curto prazo (1 estudo, 30 participantes); e piorou em 10,0 pontos (8,95 melhor para 28,95 pior) no médio prazo (1 estudo, 25 participantes).

Nenhum dos estudos incluídos na revisão mediu os efeitos indesejáveis.

Quais são as limitações das evidências?

Não estamos confiantes nas evidências porque não houve estudos suficientes, os estudos eram pequenos e temos preocupações sobre como alguns dos estudos foram conduzidos.

Até que ponto estas evidências estão atualizadas?

Esta revisão incluiu estudos publicados até 15 de agosto de 2022.

Conclusão dos autores: 

Com base em evidências de certeza baixa a muito baixa, os efeitos do tratamento para dor e incapacidade encontrados em nossa revisão não foram clinicamente importantes. Portanto, podemos concluir que o método McKenzie não é um tratamento eficaz para a dor lombar (sub)aguda inespecífica.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Há um amplo consenso entre os clínicos de que as pessoas com dor lombar inespecífica constituem um grupo heterogêneo e que seu tratamento deve ser individualizado. Um tratamento conhecido por seu formato personalizado é o método McKenzie (por exemplo, um programa individualizado de exercícios com base em pistas clínicas observadas durante a avaliação).

Objetivos: 

Avaliar a eficácia do método McKenzie em pessoas com dor lombar (sub)aguda inespecífica.

Métodos de busca: 

Pesquisamos nas bases CENTRAL, MEDLINE, Embase e em dois registros de estudos até 15 de agosto de 2022.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs) que investigaram a eficácia do método McKenzie em adultos com dor lombar (sub)aguda inespecífica (menos de 12 semanas).

Coleta dos dados e análises: 

Seguimos as recomendações metodológicas padrão da Cochrane.

Principais resultados: 

Essa revisão incluiu cinco RCTs com um total de 563 participantes recrutados da atenção primária ou terciária. Três estudos foram realizados nos EUA, um na Austrália e um na Escócia. Três estudos receberam apoio financeiro de financiadores não comerciais e dois não forneceram informações sobre as fontes de financiamento. Todos os estudos tinham alto risco de viés de desempenho e detecção. Nenhum dos estudos incluídos avaliou os eventos adversos.

Método McKenzie versus intervenção mínima (folheto educacional; método McKenzie como complemento de outra intervenção - comparação principal)

Há evidências de baixa certeza de que o método McKenzie pode resultar em uma ligeira redução da dor no curto prazo (DM -7,30, IC 95% -12,04 a -2,56; 2 estudos, 328 participantes), mas não no médio prazo (DM -5,00, IC 95% -14,29 a 4,29; 1 estudo, 180 participantes).

Há evidências de baixa certeza de que o método McKenzie pode não reduzir a incapacidade no curto prazo (DM -2,74, IC 95% -7,52 a 2,04; 2 estudos, 328 participantes) nem a médio prazo (DM -0,87, IC 95% -7,31 a 5,57; 1 estudo,180 participantes).

Método McKenzie versus terapia manual

Há evidências de baixa certeza de que o método McKenzie pode não reduzir a dor no curto prazo (DM -8,67, IC 95% -27,37 a 10,02; 3 estudos, 298 participantes) e pode resultar num ligeiro aumento da dor no médio prazo (DM 7,00, IC 95% 0,70 a 13,30; 1 estudo, 235 participantes).

Há evidências de baixa certeza de que o método McKenzie pode não reduzir a incapacidade no curto prazo (DM -4,98, IC 95% -15,00 a 5,04; 3 estudos, 298 participantes) nem no médio prazo (DM 4,30, IC 95% - 0,72 a 9,32; 1 estudo, 235 participantes).

Método McKenzie versus outras intervenções (massagem e aconselhamento)

Há evidências de certeza muito baixa de que o método McKenzie pode não reduzir a incapacidade no curto prazo (DM 4,00, IC 95% -15,44 a 23,44; 1 estudo, 30 participantes) nem no médio prazo (DM 10,00, IC 95% - 8,95 a 28,95; 1 ​​estudo, 25 participantes).

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Aline Rocha e Nívea Monteiro. Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com

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